Por meio do Espaço Multicultural Livros sobre Trilhos – a biblioteca do metrô –, a Trensurb está promovendo a Coletânea dos Artistas Gaúchos, projeto cultural que busca destacar a produção dos artistas visuais do estado, dando visibilidade ao seu trabalho para um público que não tem o hábito de frequentar os espaços tradicionais de exposição de arte. Os perfis nas redes sociais da Trensurb e do Espaço Multicultural divulgam, mensalmente, três obras de cada um dos 14 artistas participantes da Coletânea. As obras também são veiculadas nos monitores do Canal Você (presentes em trens e estações), que apoia o projeto. A curadoria da Coletânea é do poeta e assessor da Trensurb, Élvio Vargas, da artista multimídia Liana Timm e da professora Dione Detanico.

Neste mês, a Coletânea destaca obras da série Demasiado Humano, da artista Beatriz Balen Susin, produzidas em 2008 por meio da técnica de acrílica sobre madeira. Nascida em Caxias do Sul, Beatriz cursou artes plásticas e música. Durante sua trajetória artística, foi contemplada por diversas premiações, entre elas: o 1º lugar no Concurso da Câmara de Vereadores de Passo Fundo (RS) de 1966; o Prêmio Pintura 71 – Curso Internacional de Teresópolis (RJ), em 1971; a Medalha de Ouro do Salão da Ferrovia do Rio de Janeiro (RJ), em 1979. Também já foi indicada a prêmios como o Açorianos de Pintura e tem em seu currículo 42 exposições individuais e 80 exposições coletivas, no Brasil e no exterior.

Confira a seguir a entrevista que realizamos com ela a respeito da participação no projeto e sua obra.

Como vês a Coletânea dos Artistas Gaúchos produzida pelo Trensurb?
Beatriz Balen Susin – A Coletânea dos Artistas Gaúchos visa difundir, de forma ampla e louvável, a importância da Arte como expressão coerente de cada artista com o seu tempo.

Desde quando tu produzes arte? Como foi tua trajetória?
Beatriz Balen Susin – Minha primeira exposição foi em 1968, em Porto Alegre, e desde então é meu trabalho diário.

Qual é a tua grande inspiração artística?
Beatriz Balen Susin – Posso dizer que é o homem e a natureza que o cerca.

Como é teu processo criativo?
Beatriz Balen Susin – Sobre processo criativo, saliento muita disciplina e pesquisa em busca da técnica e das formas que na fase presente torna-se a que seja mais coerente com o meu pensamento.

O que motivou a escolha das artes para a Coletânea?
Beatriz Balen Susin – O movimento das figuras das obras se assemelha ao das pessoas que diariamente usam estas vias para o seu ir e vir.

O que elas significam para ti?
Beatriz Balen Susin – Tudo o que me faz trabalhar e buscar o ser humano e o mundo que o cerca.

As cores e os tons mais escuros adensam todo o rosto transfigurado da tua realidade pictórica?
Beatriz Balen Susin – Cor é emoção, é o estado subjetivo e toda a cor possui simbologias e significados. Não possuem respostas imediatas.

Ao longo de 50 anos de pintura, os “estados de distração” sempre impulsionaram sua obra?
Beatriz Balen Susin – Na verdade, são 56 anos de muita seriedade, pesquisa e trabalho.  Não existem “momentos de distração” e sim de consciência do mundo e sensível sobre o ser humano.

Existe um diálogo dialético entre o corpo, rosto e a movimentação espacial destes na poética da tua pintura, centrado nas cores?
Beatriz Balen Susin – Existe, sim, um movimento de metamorfoses do corpo e da cor que o envolve.  O “estar estático” e o “movimento” humano são temas inesgotáveis.

Toda essa iconografia fundando as suas imagens representa seres mitológicos de tua intimidade “susinária”?
Beatriz Balen Susin – Ao longo do tempo, as figuras que surgem das reflexões vão se transformando na “caligrafia”, enfim na linguagem pessoal do artista.