Em alusão ao Setembro Amarelo, movimento nacional de prevenção ao suicídio e incentivo aos cuidados com a saúde mental, a Trensurb promoveu, nesta semana, um seminário destinado a seus empregados. A atividade foi realizada no auditório da empresa, na manhã de terça-feira (19), com organização do Núcleo de Apoio à Diversidade da empresa. Na ocasião, debateram-se os impactos dos contextos sociais na saúde mental das populações mais vulneráveis, com a presença de três palestrantes convidados, oriundos de diferentes contextos: Morgan Lemos, membro do Coletivo Homens Trans em Ação (HTA) e do Núcleo CLOSE História/UFRGS; Cris Buel, psicóloga, integrante da organização feminista Coletivo Feminino Plural e do Conselho Estadual de Direito Humanos; Samantha Medeiros Ferreira, psicóloga, especializanda em Psicanálise e Relações de Gênero e conselheira-secretária no Conselho Estadual LGBT do Rio Grande do Sul.
O seminário iniciou com a psicóloga Cris Bruel citando um texto da jornalista Eliane Brum, em que ela questiona: “Estamos vivendo no tempo de quem?”. A partir desse texto, a psicóloga procurou instigar o público a fazer a reflexão sobre o que é possível fazer para melhorarmos nossa saúde mental e buscarmos “um mundo mais equitativo em questões de políticas de gênero, raça e etnias”.
Logo após, Morgan Lemos traçou uma linha do tempo da história da escravidão no Brasil a fim de contextualizar a questão da alta taxa de suicídios entre jovens negros de 15 a 20 anos. Ele trouxe também dados sobre pessoas trans negras, que têm uma expectativa média de vida de aproximadamente 36 anos apenas.
A seguir, Samantha Ferreira trouxe informações de um relatório feito pelo Grupo Gay da Bahia em 2021, incluindo 316 mortes por LGBTFobia noticiadas pela imprensa ou denunciadas formalmente. A partir dos dados apresentados, ela buscou evidenciar que é preciso se ter acesso a moradia digna, saúde, educação, segurança alimentar, lazer e cultura para que se possa estar com boa saúde mental – e que, em boa parte das vezes, a população LGBTQIA+ não tem acesso a esses itens básicos muito em função do preconceito.
Ao final do seminário, o diretor-presidente da Trensurb, Fernando Marroni agradeceu os palestrantes que estiveram presentes e ressaltou a importância da participação deles para instigar a reflexão sobre o tema da saúde mental. Além disso, comentou sobre o compromisso da empresa em relação à responsabilidade social: “Nós queremos combater com firmeza qualquer tipo de discriminação, esta é determinação da nossa Direção e do nosso governo”.
Sobre a importância de participar do seminário a psicóloga Samantha afirma: “Para mim, essa é a pauta da minha vida, então, para mim, faz todo sentido compartilhar ela por onde eu vou. E estar aqui com gente disposta a aprender e trocar essa vivência só ajuda a fazer ainda mais sentido”. Para Morgan, a oportunidade “é importante para abrir portas e ocupar esses espaços, tendo essa troca, para assim a mudança ocorrer, e mais fundamental é a empresa estar trabalhando essas políticas de inclusão”. Por fim Cris Bruel fala da importância da luta que é continuar ocupando espaços como a Trensurb: “Por nós lésbicas sermos consideradas vidas não vivíveis, acabamos o tempo inteiro tendo que lutar para poder nos manter em espaços como estes”.
O metroviário Adriano Nunes da Silva esteve no auditório da empresa para o seminário e afirmou o seguinte sobre a atividade: “Para mim, foi interessante porque ela abordou problemas estruturais, como por exemplo o racismo, e que muitas vezes o combate fica escondido justamente porque os atores que deveriam fazer o embate acabam se ausentando da discussão para que não agregue para si mesmo algum prejuízo”.
Na manhã de quinta-feira (21), o auditório da Trensurb recebeu mais um evento alusivo ao Setembro Amarelo, desta vez promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexas do Estado do Rio Grande do Sul (Sindimetrô-RS). Na ocasião, a psicóloga Vivien Rose Böck, mestra em Psicologia Social e da Personalidade, realizou palestra sobre a prevenção ao suicídio.